Janelas

As janelas sempre me fascinaram. Ao me deparar com uma… eu imagino pinçando-me a mim mesma, como se estivesse mexendo com a peça de um tabuleiro de xadrez e me ponho em diferentes posições. Sinto que é imensamente confortável qualquer das perspectivas: estar do lado de dentro e olhar para a janela, gradeada ou não, para o contorno, seu limite mais íntimo é tão bom quanto perscrutá-la de fora, a partir do externo, do que ela revela aos olhares desconhecidos. Penso, em todas as vezes, todas mesmo, quando eu avisto uma janela: qual lado será mais seguro? Qual dos espaços, interno ou externo, de lá ou de cá, limitados pela janela é melhor para se estar? O que conhece a face de dentro? O que já viu a face de fora? Fato é que os ornamentos que ficam pra fora jamais conhecerão as cores de dentro… e isto é a condição para ser janela.

 

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Imagens captadas de Pinterest

Tarde de amor perfeito

“Naquela tarde eu fechei os olhos e sonhei que vivia uma história muito bonita… uma história de amor, com todos os desatinos e as tempestades de uma história de amor. Por alguns instantes eu esqueci a obrigação da sensatez e do equilíbrio e me entreguei a um mundo de sensações e êxtase que rompeu a ordem do tempo e da minha realidade cinza… Imaginei um homem e uma vontade. Coloquei entre eles a minha presença sequiosa de carinho e pintei um cenário de cores fortes para me deitar. Estiquei o meu corpo no dele, aquietei minha ansiedade e vivi as iniciativas do calor. Senti a severidade do correr do tempo pulsando nos meus braços e depois a tristeza que me leva a sonhar minha imaginação fértil, fruto de mais um dia sem ninguém…”

14 de abril de 2002