Não é possível que eu sinta esta dor, sem rasgar em mim as memórias de outras dores e me encolher na lamúria ainda maior. Ela se instala lenta e sutilmente, sem razão ou aviso. Mas eu me lembro das dores passadas e de como eram antes de ser… e então registro o prenúncio de alguma dor que está no amanhã.
angústia
Oco sem fundo
Se pudesse, ela dobraria cada segmento do seu corpo para escondê-los no buraco aberto em seu peito.
Naquele oco sem fundo, interminável, que se fizera marca nova da vida que escolheu seguir.
Os pés tortos, os joelhos apertados, as pernas contra o vazio contorciam o desejo de menos dor.
Para domar sua alma chorosa
Sequiosa de paz
E calor.
Chuva
Por que não chove na alma
A chuva que se faz lá fora?
Por que não invade a morada
Dos pensamentos duvidosos
Diluindo-os em porções perfeitas
De afetos exitosos?
Por que não se faz chuva agora
A angústia que me toma a alma?
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Vazio
Às vezes, sinto um vazio tão grande
Da grandeza de um gigante
Profundo, vasto, incerto, errante.
Às vezes, sinto este vazio no peito
Impiedoso, do coração faz leito
Bagunçado, errado, nó em contrafeito.
Às vezes, sinto no vazio o tempo
Ansioso, em oração refeito
Escasso, um rastro, tal ar rarefeito.
Às vezes, sinto um vazio pungente
Da agudeza da dor da gente
Intenso, denso, ausência inclemente.