Oco sem fundo

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Se pudesse, ela dobraria cada segmento do seu corpo para escondê-los no buraco aberto em seu peito.
Naquele oco sem fundo, interminável, que se fizera marca nova da vida que escolheu seguir.
Os pés tortos, os joelhos apertados, as pernas contra o vazio contorciam o desejo de menos dor.
Para domar sua alma chorosa
Sequiosa de paz
E calor.

Vazio

Às vezes, sinto um vazio tão grande
Da grandeza de um gigante
Profundo, vasto, incerto, errante.

Às vezes, sinto este vazio no peito
Impiedoso, do coração faz leito
Bagunçado, errado, nó em contrafeito.

Às vezes, sinto no vazio o tempo
Ansioso, em oração refeito
Escasso, um rastro, tal ar rarefeito.

Às vezes, sinto um vazio pungente
Da agudeza da dor da gente
Intenso, denso, ausência inclemente.