Black Friday de Poesia!!

Para vendas de 28/11/2019 a 08 de dezembro até às 18h!! Livro: Retalhos de alma inteira, de Grace Donati, com reproduções de aquarela de André Marques.

“Retalhos de alma inteira é um livro de poesias e contos poéticos que trata de temas cotidianos e sentimentos essenciais do homem, com rebuscada sensibilidade. A maioria das produções é construída em verso livre, e, assim como o título sugere, expõe a alma da escritora, suas percepções e sensações, sem proteções, e exibindo elevado domínio de assonâncias, aliterações, rima e ritmo. As palavras costuram ora delicadezas, ora cruezas sobre o amor, as angústias, as flores, a solidão, o tempo, as repressões e a esperança. Ler “Retalhos de alma inteira” é tornar-se linha no cerzir de muitas reflexões poéticas do que se passa em cada um de nós.”

Informações:

Capa comum: 160 páginas

Editora: Scortecci Editora; Edição: 1ª (18 de agosto de 2017)

Idioma: Português

ISBN-10: 8536651601

ISBN-13: 978-8536651606

Dimensões do produto: 14 x 1 x 21 cm

A Arte de Neusa Veronezi

Ela é uma mulher de 70 anos, minha tia querida e amada, que sempre me cuidou como uma mãe cuida e zela por um filho. Neusa convive com uma malformação cortical, que lhe impõe algumas restrições de mobilidade, funcionalidade e comunicação. Ela sobrevive ao seu próprio corpo e usa-o, como pode, para se ser livre, produtiva, independente e feliz. Há, relativamente pouco tempo, Neusa descobriu a aquarela pelas mãos do querido amigo André Marques que lhe presenteou e ainda a presenteia com tinta, canson, pincéis e godet. Muito mais que isso, André ofereceu à Neusa uma nova forma de expressão, uma significativa ampliação das linguagens que podem traduzir o que pensa e sente. Com quase nenhuma instrução, o que essa artista tem feito é fazer desabrochar no papel as flores de múltiplas cores do lugar onde vive. Com pinceladas fortes como ela, a gente enxerga fácil toda uma variedade de flores de maio – suas preferidas -, além de dálias e muitas florzinhas sem nome e muito charme. Pela primeira vez no blog, apresento algumas reproduções de suas aquarelas.

Aquarela sobre canson 200, 21,0 x 29,7

Aquarela sobre canson 200, 21,0 x 29,7

Aquarela sobre canson 200, 21,0 x 29,7

Aquarela sobre canson 200, 21,0 x 29,7

Aquarela sobre canson 200, 21,0 x 29,7

Metade, de Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
que a mulher que amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.

Quer as palavras que falo
não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
apenas respeitadas como a única coisa
que resta a um homem inundado de sentimentos
pois metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo.

Que a minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
que me lembro ter dado na infância
pois metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
e que o seu silêncio me fale cada vez mais
pois metade de mim é abrigo
a outra metade é cansaço.

Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
pois metade de mim é platéia
a outra metade é canção

Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também.

Fonte: LyricFind

Compositores: Oswaldo Montenegro / Oswaldo Viveiros Montenegro

Letra de Metade © Warner Chappell Music, Inc

Inteligências de Mia Couto

Não é recente a expressão de Mia Couto no mundo, mas é recente o meu mergulho na sua literatura. Há algumas semanas, terminei “Antes de nascer o mundo” (Companhia das Letras, 2009), tecido sedutoramente entre rudezas e levezas num balanço refinado de prosa e poesia. Fui criando dobras nas páginas no correr da leitura para me lembrar de registrar o que me despertou pensar mais, ver do avesso, girar conceitos, redesenhar. Segue aqui minha dobra da página 241:

“Eis a lição que aprendi em Jesusalém: a vida não foi feita para ser pouca e breve. E o mundo não foi feito para ter medida.” (Disse assim Mwanito!).

Passagem das horas, de Álvaro de Campos

Trago dentro do meu coração
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

[…]

Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei…
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos…
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.

[…]

Árvores, galhos e outros ramos – o livro!

Eu já falei desse projeto querido aqui https://verbogeren.net/2018/07/08/a-exposicao-arvores-galhos-e-outros-ramos/. Foi um tempo bom em que pudemos nos dedicar às árvores com poesia, aquarela e outras técnicas visuais, performances dramáticas, declamação e até contribuindo com a organização de uma xiloteca. (Acabei de perceber que eu preciso postar fotos disso tudo!!!). O livro, que reúne as 42 poesias criadas durante a primeira fase do projeto está agora também disponível em pdf, pela Canal 6 Editora.

Pra baixar, é só clicar no link abaixo:

https://www.canal6livraria.com.br/pd-6ca1a5-arvores-galhos-e-outros-ramos.html?ct=&p=1&s=1

Depois, conta pra mim o que achou 😉

Sobre Arte II

“A Arte abre o sujeito a outras realidades. Se a Arte participa da realidade da vida através da sua materialidade, consubstanciada no seu formato (físico ou não), ainda assim é uma realidade criada pelo sujeito e, por isso, trata-se de uma irrealidade real, ou de uma realidade irreal, ou um oxímoro […].”

GONÇALVES, Carla Alexandra. Para uma introdução à Psicologia da Arte: as formas e os sujeitos. Lisboa: Edições 70, 2018, p. 61.