Eles

Ela sonhou acordada e dormiu em pé
Ele alargou seu espaço e madrugou até
Ela teve na garganta a dor da alma
Ele extravasou no rosto uma lição de calma
Ela se exauriu para não ser quem é
Ele se eximiu pelas falhas da outra fé
Ela coloriu riscos fortes e desalinhados
Ele descobriu mais acordes desafinados
Ela rodopiou caiu e levantou
Ele se curou e fortemente caminhou
Ela escreveu destas e de outras tantas linhas
Ele carregou metas e ideais com uma família
Ela se assumiu poeta e transfigurou a perfeição
Ele se pôs mudança e deu pra si meditação
Ela ainda sonha acordada e dorme em pé
Eles alargam espaços e se amam até.

Alegria, gratidão e fraternidade

imageGratus é uma plataforma social gratuita, desenvolvida na cidade de Marília (interior de São Paulo), que conecta pessoas interessadas em praticar a gratidão por meio da troca de experiências.

A palavra Gratus é natural do latim e significa gratidão, ou seja, a capacidade de se sentir agradecido por algo, de desenvolver sentimentos como empatia, compaixão, amizade, gentileza e amor.

Ao sentir empatia por alguém, somos capazes de reconhecer o que o outro fez de bom para nós e, também, de expressar e retribuir essas benfeitorias. A gratidão ocorre sempre que alguém faz algo que o outro gostaria que acontecesse, sem esperar nada em troca. Isso faz com que a pessoa que fez a ação se sinta feliz e a que recebeu também!

Acreditamos que a gratidão não é apenas um sentimento, mas uma experiência. Por isso, neste site, queremos conectá-lo a várias maneiras de exercer essa virtude.

Texto retirado da página do Gratus – fazer o bem te faz bem, no Facebook.


 

A esse grupo de pessoas especiais, a esta belíssima iniciativa e ao sentimento de fraternidade que luta por nos unir, um pouco de poesia.

Alegria

Para se alegrar é preciso tomar parte de um momento sublime
Lançar-se ao acaso e à imprevisão de alguém.

Para ser parte, é preciso abandonar-se de si
Colocar-se em meios e entornos, sem fazer refém.

Para abandonar-se, é justo despreocupar-se da própria agonia
Entregar-se ao amor puro e fraterno, sem temor e sem qualquer porém.

Desperta…dor

O despertador desperta o que já acorda
Os olhos que já vêem
As bocas que se procuram
Com lábios que se inquietam
Que febris, se encontram
Choram ao sorrir, querem por precisar.

Inseguram-se os corpos no descompasso
Do impulso rubro de um jogo louco
Tentativa da fusão essencial
Calmaria de um refluxo que não há
Retomada de uma ausência que não é.

O dia começa, as vidas se separam
O amor toma parte da intersecção dos fatos
De um sem fim surge outro início
Diferente do primeiro, necessário como os dias
Mais clarividente que a escuridão de nossas noites.
E se voltam os corações um ao outro
Mais pela necessidade de se cristalizar e vontade de reviver
Que pela infundada responsabilidade do retorno.

Gestão de riscos

Um querido amigo está fazendo um curso a distância sobre gestão de riscos. Conversando a respeito do seu conteúdo, notei que o curso pode ser algo muito perigoso. Digo isso porque as orientações fornecidas para identificar e manejar situações de risco põem em xeque a busca pela vida espontânea, ingênua e simples. A vida é feita de riscos. É arriscado viver. É, de fato, um perigo palpável e repetido manter-se vivo. Posso presumir que o programa instrucional pretende levar seu educando a desenvolver habilidades para manter-se a salvo, em segurança e prevenir a deflagração de situações arriscadas e suas incontroláveis consequências. É possível que o curso ensine sobre prevenção de perdas documentais, deleção de informações e como evitar incêndios. É provável que trate da identificação de tipos suspeitos, da revelação da malícia humana. É irremediável, no entanto, que conclua sua inabilidade em professar sobre a periculosidade de se viver cada dia um novo dia. Parece mais ingênuo do que o destemido. Parece inocência a criação de um manual para prevenir as oscilações irremediáveis do cotidiano, aquelas que nos assaltam e nos surpreendem, nos arrebatam e nos tiram o fôlego. Assim como o risco de nascer e permanecer. O risco de escolher isto ou aquilo e de lançar um olhar tímido para uma alma majestosa. O risco de não se render. O risco de ser feliz. Cabe mais risco ao risco da vida que nos presenteia sem promessas ou garantias? Cabe mais incerteza ao presente? Cabe mais ilusão à segurança? Cabe mais inocência ao controle?

Ansiedade despedaçada I

“[…] Ela era tomada por toda a ânsia, a um só tempo. A um só tempo, lhe fugia o ar, lhe escapava a paz. Neste mesmo tempo, o temor lhe acelerava as batidas do corpo e redefinia, imperiosamente, seu estado de viver.” […]. GCFD

“[…] Num espaço profundo e escuro eu criei um monstro. Insinuante, perverso e controlador. Criei um monstro que devora a mim mesma. Que de mim se alimenta e se agiganta. Corrompendo cada canto. Tomando pra si qualquer certeza. Um mostro que ludibria a sensação de normalidade e me toma sedada, frágil e silenciosa.[…]” GCFD