Era você na rua

Era você na rua
Eu não tive dúvida
Não pelo que vi
Mas pelo alvoroço nos meus pensamentos
E o furor pondo batidas a mais no meu coração.
Não duvidei que você era o vento bagunçando cada fio de cabelo meu
E aquele raio de sol
E aquela gota de calor
E aquele perfume escapando da flor até mim.
Era você, eu sei
Que se fez de sorriso do menino
E me sorriu
E foi vida dentro da vida minha
Um segredo meu
Dançando pelos meus corredores vazios.

Tarde de amor perfeito

“Naquela tarde eu fechei os olhos e sonhei que vivia uma história muito bonita… uma história de amor, com todos os desatinos e as tempestades de uma história de amor. Por alguns instantes eu esqueci a obrigação da sensatez e do equilíbrio e me entreguei a um mundo de sensações e êxtase que rompeu a ordem do tempo e da minha realidade cinza… Imaginei um homem e uma vontade. Coloquei entre eles a minha presença sequiosa de carinho e pintei um cenário de cores fortes para me deitar. Estiquei o meu corpo no dele, aquietei minha ansiedade e vivi as iniciativas do calor. Senti a severidade do correr do tempo pulsando nos meus braços e depois a tristeza que me leva a sonhar minha imaginação fértil, fruto de mais um dia sem ninguém…”

14 de abril de 2002

Alimentar é materno

Cabe ao verbo a ação. A velocidade à luz. A medida à razão. É assim… a cada coisa cabe ser o que se é. A cada um, a dor e a delícia…
Cabe à criança brincar e se lambuzar de vida. Sorver das mães que lhe adotam o leite e a melhor energia. É para além da nutrição do corpo que uma mãe é mãe para o seu filho. É para preenchê-lo deste sopro, desta chama infinita que é o amor.

 

 

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Virgem do Leite, 1500-1525, Mestre dos Túmulos Reais – Mosteiro do Lorvão.  Museu Nacional de Machado de Castro, Coimbra – Portugal. Foto de Grace Donati