A vontade que me toma hoje é de transfigurar-me numa súmula de dias bem vividos, e guardar-me líquida, em uma pequena garrafa de ginjinha.

Foto de Grace Ferreira-Donati. Urbanidade em um muro do Bairro Alto de Lisboa, Portugal.
A vontade que me toma hoje é de transfigurar-me numa súmula de dias bem vividos, e guardar-me líquida, em uma pequena garrafa de ginjinha.
Foto de Grace Ferreira-Donati. Urbanidade em um muro do Bairro Alto de Lisboa, Portugal.
Foto: Grace Cristina Ferreira-Donati Local: Quinta Real Caxias, Caxias, Portugal Monumental e singular cascata, com edificações ao redor repletas de referências românticas e bucólicas. Encontra-se classificada como imóvel de interesse público (1953).
“Há quem refugue ante portas cerradas, há quem se inquiete a imaginar a realidade que se põe ao outro lado, há quem só olha a porta e se alegra, por ser a sua existência, ela só, toda a promessa de possibilidades”.
“Para que cabeça, se tens asas para voar?”
Anjo, sec XII, Sé do Porto Obra exposta no Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra, Portugal. Fotografia de Grace Donati
Foto de Grace Ferreira-Donati, 2018. Coimbra, Alta.
Estão aos pés agulhadas
Endurecidas, à toda vista resignadas
Enegrecidas, pelo vento afinadas
As árvores todas do Mundo Velho à baila.
Entorpecem-me aos cantos surgindo em salvas
Em um esforço de ladeira a mais, me causam
Humilde encanto, sublime espanto
As árvores todas guarnecendo a flor em pausa.
Pelo Dia Internacional da Mulher… validando cada palavra, novamente.
Como mulher que sou, permito-me antecipar o que a sociedade atribuiu como meu dia e me por a dialogar com todas as demais da minha espécie.
Querida,
Permita-se a franqueza de ser quem verdadeiramente é. Permita-se a autenticidade, a verdade dos seus cabelos bagunçados e da alma entrelaçada de dor. Permita-se colocar-se confortavelmente no mundo. Permita-se a risada escandalosamente solta. Permita-se evocar a insensatez e proclamar seu desejo aos ventos. Permita-se enterrar passados sombrios e experimentar novos rios, vidas a fio. Permita-se a singeleza e a delicadeza. Permita-se o grito dos limites, a solidez do basta-se. Permita-se tocar a vida em erros, defender seus acertos e erguer o queixo, sem medo. Permita-se a descrença e a fé ingênua, o desatino do momento, criar e manter segredos. Permita-se a queda. Permita paixão à própria solidão. Permita o perdão ao não. Permita voz a cada flecha atroz. Permita-se negar e fazer parar…
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