Era você na rua
Eu não tive dúvida
Não pelo que vi
Mas pelo alvoroço nos meus pensamentos
E o furor pondo batidas a mais no meu coração.
Não duvidei que você era o vento bagunçando cada fio de cabelo meu
E aquele raio de sol
E aquela gota de calor
E aquele perfume escapando da flor até mim.
Era você, eu sei
Que se fez de sorriso do menino
E me sorriu
E foi vida dentro da vida minha
Um segredo meu
Dançando pelos meus corredores vazios.
saudades
Sentir em curtas XXI
Às vezes, a gente não sabe bem
Se aquilo que não vem
É reservado à penúria
Ou a outro alguém.
Sentir em curtas XVI
E mesmo agora, que o limite me aflora
E não mais há você em volta
Eu continuo a farsa dos dias bem vestidos
Sorrindo ao sorriso de qualquer outro inimigo.
Flutuação
Se nas noites escuras
Eu pudesse flutuar sob o zelo
Dos teus olhos atentos
Talvez não chegasse a ser
A melhor ou a mais bonita
Mas, seria, com certeza, a mais feliz.
(10/11/2001, do Diário Pessoal de Grace Cristina Ferreira-Donati)
Saudades minhas
Saudades de quando a felicidade roubava meu sono
De quando ela me tomava ao despertar
E ilustrava em meu rosto sua luz.
Ah, saudades de quando a vida era coisa fácil de se ter
De quando o dia se repetia na alegria simples de nascer.
De quando a mania de chorar era rara e boba, curta e fácil.
Saudades minhas as minhas dores agudas e duras
De ser de um jeito que já foi
De ser feliz como não dá
De ser aquela não fui.