Brasil e os brasileiros, por Maria Auxiliadora da Silva

Senti lampejar meus olhos quando, naquela galeria, no Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira (MUNCAB), em Salvador, Bahia, encontrei as telas de Maria Auxiliadora. Eu não as estava procurando, foi uma gratíssima surpresa. A ingenuidade e o cotidiano desprovidos de excessiva medida técnica, e as cores vibrantes me atraíram rápido. Eu ventei até as telas. Que riqueza ver tudo acontecendo o tempo todo, e no mesmo, nada de extraordinário. O cotidiano é o extraordinário para Maria Auxiliadora, as fofocas nas janelas, o flerte, a dança dos casais, o trabalho na roça, as crianças no ir e vir, gente vivendo a vida que tem pra se viver. A artista era filha de artistas escravizados, nasceu em Minas e faleceu em São Paulo, antes de completar quarenta anos, em 1974. Bordava, costurava e pintava, traduzindo em Arte o que via em casa e na vizinhança com os instrumentos que fora ensinada a manejar por sua família. E que maravilha o que foi capaz de fazer. Deveríamos chamá-la poetisa, talvez cordelista visual, pelas narrativas tão vívidas que se encontram em suas obras. Sobre as telas, a gente nota a textura da renda e dos bordados, o volume dos cabelos das mulheres, quase que os minutos que antecederam aquelas histórias fotografadas ali. A gente fica querendo saber mais e daí corre pra outra tela. É um maravilhamento o trabalho poético de Maria Auxiliadora. Eu convido a todos a conhecê-lo! No link do Itaú Cultural, é possível conhecer mais sobre a história desta grande artista brasileira: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/2225-maria-auxiliadora

Sem título, óleo sobre eucatex, Maria Auxiliadora
Sem título, óleo sobre tela, Maria Auxiliadora
Sem título, óleo sobre eucatex, Maria Auxiliadora

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