Viver sozinha
É algo que não se resolve.
Porque é sozinha que caminha uma mulher na saga de ser mulher na vida.
Numa fase ainda de alguma esperança por companhia e comunhão
Ela acredita que mãos dadas podem sanar a carência, dar presença e completude… parceria no caminho…
Mas não.
Um alguém perto é tão somente alguém perto
Que perdido em meio a carências próprias, perde-se sozinho também.
É preciso espalhar lá dentro um tanto de sementes novas
Para ver brotar o belo no cenário da solidão.
E ser feliz assim, encoberta e protegida por este pequeno mundo secreto de si mesma.
Com cores e luz
Com flores e cada camada de si mesma
Da menina, da jovem criando sina, da mulher arrependida e quebrada.
Estar só é condição de ser gente.
Sozinha desde, profundamente e para sempre
É o lugar de ser mulher nessa vida.
Cores de tocar
Se mesmo vendo, buscando reparar… não basta aos olhos a luz… ponha-se cor ao toque, com maciez e volume acariciando o coração.

Marcílio
Agora ele vive na memória
Não mais nas manias repetidas
Não mais no silêncio compartilhado
Não mais no chamado pela menina.
Agora ele descansa eterno
Não mais na cama ou no leito
Não mais em fuga ou com medo
Não mais pedindo sossego.
Agora ele está só por ele
Não mais pelos peixes ou pássaros
Não mais pela lida e a esposa amada
Não mais pelos filhos ou qualquer outro laço.
Agora ele é aquela estrela que ilumina
A que no alto da noite mais brilha
Que vive em nós e por onde for
Que cuida, indica, ampara e vigia.
Em homenagem ao meu sogro, homem de caráter forte, honesto, generoso e benevolente que deixou esta existência no dia 23 de outubro.
De Arnaldo Antunes
As coisas têm peso,
massa, volume, tamanho,
tempo, forma, cor,
posição, textura, duração,
densidade, cheiro,
valor, consistência,
profundidade, contorno,
temperatura, função,
aparência, preço,
destino, idade, sentido.
As coisas não têm paz.
Aninha e suas pedras, de Cora Coralina
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.
Plantação
Para dias cinzentos, recomendo plantar cores.

Urbanidades
Eu tenho uma pasta pública no Pinterest intitulada Urbanidades. Ela reúne imagens incríveis, às vezes engraçadas, às vezes sensíveis, provocadoras, cheias de crítica, cor e poesia. Sou encantada pelo modo como as pessoas podem interferir no espaço urbano, provocando reflexões e espalhando beleza. O belo cuida da alma! Eu fiz uma seleção para compartilhar este olhar por aqui:















NOTA: Todas as imagens foram encontradas no Pinterest, considerando a alta taxa de compartilhamento das imagens, não foi possível fazer a atribuição de créditos com segurança. Agradeço qualquer contribuição para a citação correta de autoria das imagens fotográficas.
Das flores que eu colhi
Há dias em que é preciso viver
Das flores que se colhe
Das cores que pingam
E fazem folhas no papel
Das flores que eu colhi
Foi mais sutil me ver brotar.

O jardim
Às vezes, é preciso fazer um jardim lá fora para vê-lo nascer cá dentro.

O caminho de São João
Nesta tarde eu me detive a observar, por alguns minutos, Caravaggio pintando São João. O santo ficou em minha cabeça e se misturou com as cores das festas juninas do nordeste brasileiro (acho que é ainda efeito do show Arraial de Gil veiculado online recentemente e que enterneceu meu coração enquanto durou). Numa época sem festa alguma, sem comemorações, criei um caminho para São João passar.
