Você?
Nunca foi de verdade.
Era só o benefício próprio
A salvaguarda do gosto particular
Do interesse íntimo.
Buscou aqui o que queria
E levou fácil acenando para um sorriso meu.
Você nunca foi a verdade que eu desenhava com a minha carência.
Foi um contorno vazio do que parecia ser e jamais foi.
Juntou-se à minha realidade crua e entregue sem defesas.
Desse jeito, fez as cópias que queria e replicou o que eu pensava.
Ganhou todas as vantagens por cortesia.
E então se foi.
Mentindo-se por aí.
aceitação
Perdoa
Perdoa meus erros e minhas angústias
Minhas curvas trêmulas escondidas.
Perdoa meus vícios e os vazios
Meus pesares de tempo servil.
Perdoa meus pesos e a sede
Meus temores sem pele e fio.
Perdoa meus cantos sem voz
Meus lamentos oblíquos
Hino atroz.
Eco
Negativas
Não te aprisiones a ti mesmo
Espalha-te.
Não te atormentes ao ruído alheio
Aquieta-te.
Não te protejas do amor que recebes
Envolva-te.
Não te apresses no peito que acolhe
Repousa-te.
Não te condenes ao rigor servil
Alegra-te.
Não te abandones ao olhar vil
Proteja-te.
Não te dediques à língua que fere
Apazigua-te.
Não te julgues ao contorno que tolhe
Perdoa-te.
Não te negues o toque que envolve
Permita-te.
Não te alongues na dor da memória
Cura-te.
Não te esqueças na vida
Leva-te.
E se puderes te aceitar
Revela-te.
