Um pensamento.
Outro.
Mais três e outros quatro.
E mais alguns.
E tantos.
E aqueles também.
Mais cem.
Penso qualquer pensamento
E o que nem se é de pensar
Penso o que se é de fazer
E de ser só de passar
Tudo vira pensar
Nem só o que é lamento
E no que penso e peso
Vira pesamento
Tudo o que penso
De pequeno vira aumento
De um vira um cento
E daí tormento.
bipolaridade
Sem título
De que vale a dor da tentativa?
A que acaso de alegria encerrou?
Vale amar, o mais, a poesia
Ou de nada serve a luz que clareou?
Será que vale o riso na euforia?
A rosa abrindo, ver que você chegou?
Sentir a paz que eu já tive um dia
Lutar a luta de ser quem eu sou?
Sentir em curtas XXXIII
Primeiro, a gente perde a paz
Depois, o sono
E todos os sonhos.
Cristaizinhos
Se a gente olhar a própria pele bem de perto, ao final do dia, com uma lupa, talvez, é possível encontrar minúsculos cristais de sal, repletos de substâncias, além de água. É o produto do que suamos, de um trabalho silencioso e competente do corpo para regular a temperatura corporal. Nunca entendi porque isso também não acontece com as nossas emoções e pensamentos. Um processo de expelir alguns deles pra gerar um novo equilíbrio, eliminar os excessos. Imagina só, junto com as 373 substâncias nas gotas de suor, teria ao menos cinco pensamentos desprezíveis, duas fantasias infrutíferas, uma ou outra emoção fantasma, que só servem pra tirar tudo do eixo. Daí, na intimidade de um banho refrescante, tudo se desprenderia da nossa pele, em forma de cristaizinhos ganhando a correnteza da água.