… de Xavier Pereira.

… de Xavier Pereira.

Não há dia que se faça somente de choro, ou só de riso, só de dentes aparecendo à toa, sabe? Ou só de coração batendo apertado e respiração curta, miúda e seca… Não há dia construído só disso ou só daquilo. Cada dia tem em si muitos dias que talvez não sejam… e outros tantos que certamente serão. Um dia é uma entidade bipolar por natureza. Tem dia que é pura noite, dia que nem se sente a noite, dia que se encomprida e pula a noite até ser dia de novo. Há dias em que levezas, adornadas de muitas e sutis belezas, fazem sorrir em segredo a alma e dançar a música que cadencia nossa voz. Mas tem dias… outros dias, em que tristezas são mais que as levezas. Daí, é de se pegar o dia claro que poderia ser e fazê-lo livre, viver.
Alimente teu peito
Não apresse o vento
E se a vida lhe fugir, vá com ela, sem lamento.
Vigie teu acerto
Ouça com o corpo inteiro
E se o medo lhe seguir, acolha o erro, sem receio.
Abrace teu desejo
Entregue-se ao sabor do tempo
E se o dia lhe ferir, aguarde a lua, com apreço.
Celebre teu momento
Cometa desvarios e feitos
E se o mundo lhe medir, escolha o riso, satisfeito.