Parece gente, parece árvore… multidão ou floresta, solidão ou comunhão do bando sozinho, que olha sabe Deus pra onde.

“Bosque”, de Grace Donati. Aquarela sobre papel Paraty Mirim Moinho Brasil (bagaço de cana de açúcar branqueada) 150 gr.
Parece gente, parece árvore… multidão ou floresta, solidão ou comunhão do bando sozinho, que olha sabe Deus pra onde.
“Bosque”, de Grace Donati. Aquarela sobre papel Paraty Mirim Moinho Brasil (bagaço de cana de açúcar branqueada) 150 gr.
Sim, há quem consiga neste mundo apenas sentir. Sem pensar, nem medir, sem refletir todo o tempo e filtrar. Sem modelar ou fingir, sem conter ou pesar. Dentre tantos, há os que percebem o que a maioria não sente. São os que absorvem a magia do invisível, as sensações do pulso do mundo.
Às pessoas que vivem no espectro das hipersensações, a muitas das crianças com autismo, relembro um pouco de alguém que também sentia muito.
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.