Nada torto meio sem terminar

Nada em mim se resolve
Nada vive certo e arrumado
Em mim tem uma caixa de cristal velha que foi derrubada
Minhas sutilezas andam a se esgueirar entre cacos
Tenho anestesias correndo pelas veias
E eu só quero de volta todas as minhas sensibilidades.
As sombras de aflições se contorcem sem se nomear
Eu não enxergo, não ouço, não toco
Não alcanço nada do que eu sou.
Eu voo só
Só vou.
Vive em mim o nada torto meio sem terminar.
Ou nem isso
Ou nem é essa que sou.

Esperançar

Espere.
Espere ar.
Espere ansiando
Experimentar
Que a vida só tem ida
Se esperançar
E só se faz dia é no lidar
Num toar
À toa de respirar
Inspirando tudo o que se tem de ar
E vagar.
E lar.

Inspire amar.
Inspire mais para além do
Existenciar
Esperanceie todos eles
A se enamorar
Dos dias e das vidas
Do céu ao mar
De si mesmo
Da cria
Expirar.
Não tem dia certo para esperar.
É só viver hoje
A esperança de ontem.
Inspirar
E amar.

“Aliterados e Rimados”, meu primeiro livro de poesias para crianças

A alegria que acende meu coração nestes dias é o lançamento do meu primeiro livro de poesias para crianças. É o “Aliterados e Rimados – os amigos do Bicho Belisco – prática poética pela Consciência Fonológica”, publicado pela editora Ipê das Letras.

A obra é fruto de uma parceria com a Fga. Dra. Thaís Freire, que escreveu a fundamentação técnica das habilidades estimuladas pelas poesias e, com uma visão empreendedora singular, foi delineando comigo o formato, a estrutura e o jeito de dialogar com os profissionais, pais e mães que usarão o livro, como um instrumento de desenvolvimento, com as crianças. As habilidades mais estimuladas envolvem a percepção de rimas e aliterações, e realizar outras manipulações de partes das palavras: as sílabas e os fonemas. Estas, competências especiais para o desenvolvimento de ritmo e musicalidade na fala, leitura e escrita.

As ilustrações e a diagramação são produtos do talento e da criatividade do ilustrador André Marques. Foi ele que deu vida e cor ao Bicho Belisco, à Zula Zuluca, ao Dino Dorico e a todos os demais membros da trupe que representam todos os fonemas da língua portuguesa.

Escrever as 50 poesias foi, para mim, uma imensa libertação. Minha escrita esteve, desde a infância, muito vinculada às minhas angústias, sofreres, desconfortos, tristezas e dor. Foi assim que me enlacei com as letras desde muito pequena, para me salvar. Então, foi uma propulsão grandemente inovadora para mim escrever palavras engraçadas, fazer piadinhas, histórias simples e leves, diálogos pueris. E como foi divertido! Meu mundo particular se expandiu para sempre, não apenas por quebrar limites no meu jeito de ser escritora e poetisa, mas por me descobrir capaz de levar para a escrita a leveza que eu sempre vivi nas relações com as crianças, em quase 25 anos promovendo o desenvolvimento da linguagem dos pequenos. Tudo isso me fez muito bem! E continuará fazendo porque é divertido demais!

Onde comprar:

Livraria Ipê das Letras

Livraria Martins Fontes

Livraria Booktoy

Arte de divulgação do livro Aliterados e Rimados, de Grace Ferreira-Donati e Thaís Freire