Um pensamento.
Outro.
Mais três e outros quatro.
E mais alguns.
E tantos.
E aqueles também.
Mais cem.
Penso qualquer pensamento
E o que nem se é de pensar
Penso o que se é de fazer
E de ser só de passar
Tudo vira pensar
Nem só o que é lamento
E no que penso e peso
Vira pesamento
Tudo o que penso
De pequeno vira aumento
De um vira um cento
E daí tormento.
poesia
Ninho
Sem título
De que vale a dor da tentativa?
A que acaso de alegria encerrou?
Vale amar, o mais, a poesia
Ou de nada serve a luz que clareou?
Será que vale o riso na euforia?
A rosa abrindo, ver que você chegou?
Sentir a paz que eu já tive um dia
Lutar a luta de ser quem eu sou?
Sentir em curtas XXXIII
Primeiro, a gente perde a paz
Depois, o sono
E todos os sonhos.
Nada torto meio sem terminar
Nada em mim se resolve
Nada vive certo e arrumado
Em mim tem uma caixa de cristal velha que foi derrubada
Minhas sutilezas andam a se esgueirar entre cacos
Tenho anestesias correndo pelas veias
E eu só quero de volta todas as minhas sensibilidades.
As sombras de aflições se contorcem sem se nomear
Eu não enxergo, não ouço, não toco
Não alcanço nada do que eu sou.
Eu voo só
Só vou.
Vive em mim o nada torto meio sem terminar.
Ou nem isso
Ou nem é essa que sou.
Mutilados
Voz do outro
E do outro
Do outro
Do outro
Silêncio meu
Grito meu
Sem boca
Olhar partido
De um lado
Do outro
Nenhuma escuta dada
Nenhuma fala trocada
Nem olhar pedido.

Ninho vazio
Um ninho vazio tanto foi deixado quanto está à espera.
É um entreato.


Calos
A gente tenta cuidar de quem tanto nos cuidou
A gente tenta suavizar a dureza dos dias da velhice
A gente tenta oferecer belezas e facilidades
E assiste tristemente a resistência dos calos formados na vida
Que não cedem
Que não aceitam
Que já não mudam mais.
Esperançar
Espere.
Espere ar.
Espere ansiando
Experimentar
Que a vida só tem ida
Se esperançar
E só se faz dia é no lidar
Num toar
À toa de respirar
Inspirando tudo o que se tem de ar
E vagar.
E lar.
Inspire amar.
Inspire mais para além do
Existenciar
Esperanceie todos eles
A se enamorar
Dos dias e das vidas
Do céu ao mar
De si mesmo
Da cria
Expirar.
Não tem dia certo para esperar.
É só viver hoje
A esperança de ontem.
Inspirar
E amar.
“Aliterados e Rimados”, meu primeiro livro de poesias para crianças
A alegria que acende meu coração nestes dias é o lançamento do meu primeiro livro de poesias para crianças. É o “Aliterados e Rimados – os amigos do Bicho Belisco – prática poética pela Consciência Fonológica”, publicado pela editora Ipê das Letras.
A obra é fruto de uma parceria com a Fga. Dra. Thaís Freire, que escreveu a fundamentação técnica das habilidades estimuladas pelas poesias e, com uma visão empreendedora singular, foi delineando comigo o formato, a estrutura e o jeito de dialogar com os profissionais, pais e mães que usarão o livro, como um instrumento de desenvolvimento, com as crianças. As habilidades mais estimuladas envolvem a percepção de rimas e aliterações, e realizar outras manipulações de partes das palavras: as sílabas e os fonemas. Estas, competências especiais para o desenvolvimento de ritmo e musicalidade na fala, leitura e escrita.
As ilustrações e a diagramação são produtos do talento e da criatividade do ilustrador André Marques. Foi ele que deu vida e cor ao Bicho Belisco, à Zula Zuluca, ao Dino Dorico e a todos os demais membros da trupe que representam todos os fonemas da língua portuguesa.
Escrever as 50 poesias foi, para mim, uma imensa libertação. Minha escrita esteve, desde a infância, muito vinculada às minhas angústias, sofreres, desconfortos, tristezas e dor. Foi assim que me enlacei com as letras desde muito pequena, para me salvar. Então, foi uma propulsão grandemente inovadora para mim escrever palavras engraçadas, fazer piadinhas, histórias simples e leves, diálogos pueris. E como foi divertido! Meu mundo particular se expandiu para sempre, não apenas por quebrar limites no meu jeito de ser escritora e poetisa, mas por me descobrir capaz de levar para a escrita a leveza que eu sempre vivi nas relações com as crianças, em quase 25 anos promovendo o desenvolvimento da linguagem dos pequenos. Tudo isso me fez muito bem! E continuará fazendo porque é divertido demais!
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