Mais do sempre o mesmo
Novamente se repete
Outra vez o antes
De novo retrocede.
Mais do agora de ontem
Novamente o passado
Outra vez o antigo
De novo o atraso.
Mais do sempre o mesmo
Novamente se repete
Outra vez o antes
De novo retrocede.
Mais do agora de ontem
Novamente o passado
Outra vez o antigo
De novo o atraso.
Elis Regina, Belchior, Vinicius, Tom, Caetano… sempre conversaram comigo… quero dizer que sempre me dispus a uma conversa aberta e franca com eles, ainda que eu nunca tenha tido a pretensão de compreender intimamente suas mensagens. Sei que mergulham em águas profundas e não me engano achando que posso, verdadeiramente, acompanhá-los.
Essa letra de Belchior tem, dia ou outro, tomado minhas pequenas viagens daqui para lá, quando – em vez de apenas dirigir! – divago, navego e me perco (ou me encontro) pondo as ideias em ordem. Será para sempre uma canção da moda pra mim. Um hino que nos lembra quem somos de verdade e onde estamos… onde permanecemos, imóveis, quietos.
Não quero lhe falar meu grande amor
De coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto é menor do que a vida
De qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos jovens…
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina, na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz…
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento cheiro da nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva do meu coração…
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória esta lembrança
É o quadro que dói mais…
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais…
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não me enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando…
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem…
Hoje eu sei que quem me deu a ideia
De uma nova consciência e juventude
Tá em casa, guardado por Deus
Contando vil metal…
Minha dor é perceber que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo, tudo o que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais…
“Frestas das escolhas que me apertam permitem que a persistência me afilja e me salve. Trazem-me sem medo para os erros e insistem que eu respire pouco, mas com louco e certo amor.”
“Nem tudo é tão reto… Nem tudo tudo é certo. Nem sempre é tão fácil julgar o óbvio. A luz pode sempre esconder a poeira em sua sombra. E só os que não vêem enxergam no escuro.”
“Tensas partículas caem densas por aí. Espalham ruídos e redemoinhos vazios apenas para enfatizar o movimento das coisas, a repetição da natureza e sobrepujar o que é ímpar e singular.”