Eu vi a beleza descendo a corrente do rio.
E o rio escorrendo de mim.
natureza
Chão novo

Cores com vista para o rio OU O Rio Branco
Poderia ser um espelho
Para refletir o que o rio é.
Sendo quem é, o rio se basta.
Poderia ser o branco de um branco sem graça
No muro diante do rio.
Poderia ser só o rio
Sem nada a olhar o rio.
Mas é uma tela de cores
De gente e bicho e céu que vivem por aqui
Brotando do rio
E resistindo a tudo, com ele.

Das flores que eu colhi
Há dias em que é preciso viver
Das flores que se colhe
Das cores que pingam
E fazem folhas no papel
Das flores que eu colhi
Foi mais sutil me ver brotar.

O jardim
Às vezes, é preciso fazer um jardim lá fora para vê-lo nascer cá dentro.

Avencas, uma dessas delicadezas

Leve, leve, leve
Bambuzá levim
Verdim que só
Uma maciez de verde
Que si imbalança mais levim que o ar
É uma dança que nem baruio faz
Mas é de ouví a música
Que a folha n’otra folha toca
E que o bambu n’otro bambu roça
É leve, leve, leve essa vida verde
E que leve, leve, leve todo o mal da gente.

Bambuzá, Nankim sobre papel, de Grace Donati.
Inhotim – das lindezas de uma terra brasileira
Na semana passada eu estive, pela primeira vez, em Inhotim, o belíssimo Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico que fica em Brumadinho, Minas Gerais. Reconhecido como uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) pelo Governo de Minas Gerais e pelo Governo Federal, o local tem um acervo de arte contemporânea de excelência, constituído por obras que brilham sob o sol e a sombra do jardim e que também se organizam em modernas galerias espalhadas por 140 hectares. O que se vê é uma íntima interlocução entre Arte e Natureza que enche os olhos e desperta a alma para boas e profundas reflexões. A correria do dia-a-dia urbano revelou-se, quando submergia da minha memória recente, algo absolutamente desprovido de sentido. A grandeza de Inhotim me provocou rever meus vazios. Doeu. Mas me elevou.







Inverno
É no inverno que mais se aprende sobre o verão
Quando falta a luz que desenha todo contorno
E o dia se alonga
E o perfume é cítrico
E a vida faz barulho.
É no inverno que o verão é criado
No tempo parado dos livros aninhados no chão
Na espera de muitos sóis e desejos frouxos.
The Suisse in my heart
Quando eu olho para o que eu ainda não pude ver, eu vejo montanhas… altas, abraçadas e tranquilas.

Mountain, Nankin sobre Canson 180, junho de 2019, de Grace Donati