Gestão de riscos

Um querido amigo está fazendo um curso a distância sobre gestão de riscos. Conversando a respeito do seu conteúdo, notei que o curso pode ser algo muito perigoso. Digo isso porque as orientações fornecidas para identificar e manejar situações de risco põem em xeque a busca pela vida espontânea, ingênua e simples. A vida é feita de riscos. É arriscado viver. É, de fato, um perigo palpável e repetido manter-se vivo. Posso presumir que o programa instrucional pretende levar seu educando a desenvolver habilidades para manter-se a salvo, em segurança e prevenir a deflagração de situações arriscadas e suas incontroláveis consequências. É possível que o curso ensine sobre prevenção de perdas documentais, deleção de informações e como evitar incêndios. É provável que trate da identificação de tipos suspeitos, da revelação da malícia humana. É irremediável, no entanto, que conclua sua inabilidade em professar sobre a periculosidade de se viver cada dia um novo dia. Parece mais ingênuo do que o destemido. Parece inocência a criação de um manual para prevenir as oscilações irremediáveis do cotidiano, aquelas que nos assaltam e nos surpreendem, nos arrebatam e nos tiram o fôlego. Assim como o risco de nascer e permanecer. O risco de escolher isto ou aquilo e de lançar um olhar tímido para uma alma majestosa. O risco de não se render. O risco de ser feliz. Cabe mais risco ao risco da vida que nos presenteia sem promessas ou garantias? Cabe mais incerteza ao presente? Cabe mais ilusão à segurança? Cabe mais inocência ao controle?