Ecos na releitura de “O mundo de Sofia” – Eco #2

Eco #2 – página 487

“Sartre descreve o homem urbano do século XX. Você se recorda de que os humanistas do Renascimento tinham propagado em tom de triunfo a liberdade e a independência do homem. Para Sartre, a liberdade do homem era como uma maldição. “O homem está condenado à liberdade”, ele dizia. Condenado porque não se criou e, não obstante, é livre. E uma vez atirado ao mundo, passa a ser responsável por tudo o que faz.
– Sim, Afinal, não pedimos a ninguém para sermos criados como indivíduos livres.
– É exatamente este o ponto central em Sartre. Acontece que somos indivíduos livres e nossa liberdade nos condena a tomarmos decisões durante toda a nossa vida. Não existem valores ou regras eternas, a partir das quais podemos nos guiar. E isto torna mais importantes nossas decisões, nossas escolhas. Sartre chama a atenção precisamente para o fato de o homem nunca poder negar sua responsabilidade pelo que faz. Por esta razão, não podemos simplesmente colocar de lado nossa responsabilidade e dizer que “temos” de ir trabalhar, ou então que “temos” de nos pautar por certas expectativas burguesas quanto ao modo como devemos viver. Aquele que assim procede mescla-se a uma massa anônima e se transforma em parte impessoal dela. Ele foge de si mesmo e se refugia na mentira. De outra parte, a liberdade do homem nos obriga a fazer de nós alguma coisa, a ter uma existência “autêntica” ou “verdadeira”.”

Eco: Ao mesmo tempo em que existir deveria bastar a cada um, há um eco que grita por algum significado em cada vida. É a vida tão valiosa, que se torna anti-ética, imoral e criminosa a atitude da displicência, da negligência consigo mesmo e com os próprios dias. É esta a tal da liberdade individual que não garante a cada um o direito de jogar-se ao acaso. Ou Sartre estava em um delírio equivocado?

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